A facilidade de fazer uma compra com o cartão de crédito é tentadora, não é? Porém, ao mesmo tempo, é muito fácil perder o controle com compras parceladas e acabar com uma grande dívida de cartão de crédito. Por não saber lidar com o dinheiro, muitos brasileiros acabam gastando muito mais do que podem pagar.

Isso porque o Brasil é um dos países com as maiores taxas de crédito rotativo do mundo (mais de 300% ao ano), o que faz com que qualquer dívida se torne rapidamente uma bola de neve.

Quando isso acontece, surgem muitas dúvidas sobre o que fazer e como sair dessa situação. Pensando nisso, criamos esse post com as melhores dicas para você saber como negociar esse tipo de dívida e como controlar melhor o uso do seu cartão de crédito. Então, mantenha a calma e vamos encarar esse problema juntos.

Esse conteúdo também está disponível na versão podcast. Aproveite a praticidade do áudio que preparamos para você. Para ouvir é só clicar no play!

Como funciona o cartão de crédito?

Dívida de cartão de crédito | Eu Dou Conta

O cartão de crédito é uma forma de empréstimo com prazo de pagamento de até 40 dias, disponibilizado por bancos e instituições financeiras. Basicamente, ele permite que o consumidor compre bens e contrate serviços e só pague por esses valores no dia do vencimento da fatura.

Entretanto, o fator que gera mais dúvidas e dificuldades é a cobrança da taxa de juros. Essa cobrança acontece quando o valor total da fatura não é pago. Atualmente, o cliente tem a opção de pagar apenas uma parte dessa quantia, o chamado valor mínimo, que varia de acordo com cada instituição.

Assim, o valor restante da fatura fica sujeito à cobrança de juros do chamado crédito rotativo. Essa linha de crédito apresenta a cobrança dos juros mais altos do mercado e, por isso, deve ser sempre evitada.

Para entender melhor, imagine uma fatura no valor de R$ 200. Desse total, se a pessoa paga apenas R$ 150, os R$ 50 restantes serão cobrados na próxima fatura, já com acréscimo dos juros do rotativo.

Ainda mais, se o cliente pagar um valor abaixo do mínimo ou atrasar o pagamento da fatura, ele terá que arcar com os juros do rotativo e também com multa de 2% e juros de mora de 1% ao mês sobre o valor da dívida. Desse modo, é comum que muitas pessoas percam o controle das finanças.

Por que os juros do cartão de crédito são tão altos?

Dívida de cartão de crédito | Eu Dou Conta

Toda instituição financeira, quando empresta dinheiro, assume o risco de não ter o valor devolvido dentro do prazo. Para compensar isso, são cobrados juros elevados pelo tempo que a pessoa ficou com a quantia sem pagar.

Essa é a chamada alta inadimplência do setor, que opera quase como um ciclo. Quanto mais pessoas deixam de pagar e se tornam inadimplentes, mais os bancos elevam os juros para compensar o risco. Ao mesmo tempo, com os juros mais altos, mais pessoas acabam se tornando inadimplentes.

Outro fator é a falta de concorrência no mercado. Para se ter uma ideia, 80% do total de depósitos do Brasil estão em cinco bancos – Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa. Essa falta de concorrência eleva preços de serviços, tarifas e, é claro, juros.

Quanto tempo uma dívida de cartão de crédito dura?

Dívida de cartão de crédito | Eu Dou Conta

Muitas pessoas acreditam que depois de 5 anos a dívida desaparece, ou “caduca”. Antes de tudo, o termo correto para chamar essas dívidas é prescritas. Quando uma pendência prescreve, significa que ela ultrapassou 5 anos e será retirada das listas de inadimplentes, como a da Serasa, mesmo sem ter sido quitada.

Porém, é importante ressaltar que, se você deixar uma dívida no cartão de crédito prescrever, seu nome sairá da Serasa, mas a dívida não deixa de existir!

Se você tem uma dívida com um banco, por exemplo, e for solicitar crédito neste mesmo banco anos depois, terá sua aprovação negada, porque na base de dados da empresa ainda consta sua antiga dívida. Por isso, é fundamental sempre pagar seus débitos pendentes.

Como sair de uma dívida de cartão de crédito?

Negociar uma pendência financeira nem sempre é fácil, mas algumas simples ações podem te ajudar a sair do sufoco. Veja agora como acabar de vez com as dívidas do cartão de crédito.

Saiba exatamente quanto você deve

Encarar a dívida é o primeiro passo para se livrar dela. Portanto, entre em contato com a emissora do cartão para solicitar o custo efetivo total (CET) da dívida, que é a soma do valor da dívida a todos os juros, taxas e impostos, e descubra o valor real de quanto está devendo. Sabendo isso, você pode definir uma quantia para realizar o pagamento sem se comprometer ainda mais.

Avalie sua situação financeira

Em seguida, liste todas as suas despesas mensais e entenda quais custos você pode cortar e quanto pode pagar para quitar a dívida do cartão. Aqui, vale anotar os gastos em um caderno, uma planilha de Excel ou até usar um aplicativo para finanças pessoais. O importante é entender quais são todos os ganhos e gastos fixos e pontuais.

Outro passo importante é olhar atentamente a fatura e entender a origem da dívida. Isso ajuda a evitar que o mesmo problema ocorra de novo no futuro.

Entre em contato com a empresa

Agora que você conhece os juros da dívida de cartão de crédito e sabe quanto pode pagar por mês para quitá-la, está pronto para conversar com a empresa e conhecer as condições que ela oferece.

As instituições financeiras devem oferecer um canal direto para a renegociação de dívidas. Geralmente, os números para contato aparecem no site ou no aplicativo dos cartões e bancos. Em muitos casos, não é nem preciso comparecer pessoalmente, basta ligar para a Central de Atendimento.

Nesse momento, o ideal é ser calmo e realista. Nada de pressa e de aceitar condições e propostas  sem conferir se elas se enquadram na sua realidade financeira.

Como fazer um acordo de dívida de cartão de crédito?

Essa é a parte central do processo de quitação da dívida do cartão de crédito: negociar e chegar a um acordo. Por esse motivo, separamos algumas dicas para te ajudar a chegar na melhor solução.

Avalie a proposta

Se o valor oferecido na negociação não couber no seu orçamento, é possível que você acumule ainda mais débitos enquanto tenta quitar essa dívida. Então, pense com calma. Não coube no seu bolso? Ligue novamente para a operadora e renegocie a dívida do cartão. Faça uma contraproposta para que a parcela fique próxima daquela que você calculou que pode pagar com segurança.

Lembre-se que é do interesse de ambas as partes que a dívida seja quitada.

Faça um empréstimo pessoal

Um empréstimo pessoal costuma ter juros e taxas menores do que o rotativo do cartão de crédito ou o parcelamento de fatura e, por isso, pode ser uma boa opção. Existem diversas modalidades, como o crédito consignado, antecipação do 13º e antecipação do Imposto de Renda.

Agora, atenção com o planejamento! Ao comprometer qualquer renda futura, lembre que você não vai receber o valor total no futuro. Por exemplo, se você decidir antecipar o 13º, deve levar em conta que não terá o salário adicional no final do ano e já se preparar para isso.

Para saber se um empréstimo vale a pena, anote as informações sobre taxas de juros, parcelas, formas de renegociação, prazo de vencimento e prazo para a quitação da dívida. Então, coloque tudo na ponta do lápis!

Procure uma opção mais barata

Se a proposta de negociação não for vantajosa para você, procure outras alternativas. Caso haja outra instituição financeira com taxas mais baixas, é possível fazer a portabilidade da dívida. Em outras palavras, transferir o valor para outra empresa. Para isso, é necessário fazer uma boa pesquisa em cada um dos bancos e encontrar a opção em que o valor final da dívida seja menor. Assim, é possível pagar parcelas saudáveis, que caibam no seu orçamento.

Peça por parcelas fixas

Quem está enrolado com dividas no cartão de crédito precisa ter tudo planejado, para conseguir sair dessa situação. Pensando nisso, uma outra dica é pedir por parcelas fixas mensais durante a negociação. Dessa forma, você consegue saber exatamente quanto precisa separar por mês para quitar o montante, sem correr o risco de a parcela subir conforme o tempo passar.

Monitore o cumprimento do acordo

O acordo deu certo e você está pagando tudo certinho? Então veja se a instituição também está fazendo a parte dela. Caso seu nome tenha sido incluído em listas negativas de órgãos de proteção ao crédito, como a Serasa, a agência é obrigada a retirá-lo de lá já no pagamento da primeira parcela.

Boas práticas do uso do cartão de crédito

Viu como é possível lidar com as dívidas do cartão de crédito? Agora, pra não ter que enfrentar essa situação de novo, confira nossas dicas de como utilizar o cartão de maneira responsável. Sua saúde financeira agradece!

Pague sempre a fatura total

Com juros tão altos, você viu como entrar no rotativo do cartão é caro e perigoso. Portanto, a primeira dica é sempre pagar a fatura total.

Não atrase o pagamento

Atrasar a parcela do cartão de crédito também não é uma boa solução. Se você atrasar o pagamento por mais de 30 dias, ou não pagar nem o mínimo da fatura, cairá no chamado ‘rotativo não-regular’, onde os juros chegam a 397,5% ao ano.

Cuidado com compras em pequenos valores

É muito comum não conseguir pagar a fatura total por não saber o quanto gastou no mês. Isso acontece principalmente por causa daquelas compras mais baratas, que você nem sempre se lembra de ter feito, mas que em grandes quantidades podem fazer toda a diferença no valor total da fatura. Aqui, entram como exemplo as corridas de aplicativos, os pedidos de comida em restaurantes etc.

Você não precisa de muitos cartões

Os bancos e operadoras vivem oferecendo novos cartões de créditos. Porém, possuir vários cartões dificulta o controle do quanto se gasta. Por isso, concentre os gastos em apenas um ou, no máximo, dois cartões de crédito e fique atento aos valores e ao dia de vencimento de cada fatura.

Diminua o limite do cartão

Pode ser difícil resistir às ofertas e vitrines se o limite do seu cartão estiver livre. Em razão disso, se você precisa de uma ajudinha extra para conter os gastos, solicite que a operadora reduza o seu limite. Essa é uma ótima opção para organizar o orçamento e controlar as contas do mês.

Repense seus hábitos de consumo

Se você vem atrasando o pagamento ou já parcelou a fatura e continua endividado, talvez esteja na hora de repensar os hábitos de consumo. Nesse sentido, planejar, economizar e não gastar mais do que ganha são passos fundamentais para voltar a ter controle do seu dinheiro. Outra dica é investir em educação financeira. Então, pesquise, leia e assista cursos sobre o assunto!