O cheque especial é uma das modalidades de crédito mais procuradas no Brasil. Entretanto, ele também é uma das principais causas de endividamento. Quer entender como ele funciona para evitar problemas? Confira agora nosso artigo.
Esse conteúdo também está disponível na versão podcast. Aproveite a praticidade do áudio que preparamos para você. Para ouvir é só clicar no play!
O que é cheque especial?
Sabe quando você gasta mais do que tem em sua conta corrente, mas ainda assim tem dinheiro suficiente para continuar comprando? Então, esse é o momento em que você utiliza o chamado cheque especial.
Em resumo, o cheque especial é um tipo de empréstimo pré-aprovado, que o banco deixa disponível assim que você abre uma conta. Na maioria das vezes, ele é concedido automaticamente, como sendo um recurso extra que o banco libera para você utilizar caso tenha algum imprevisto.
De fato, ele pode sim ajudar em situações como essa, desde que você liquide esta dívida o quanto antes. Isso porque a taxa de juros do cheque especial, assim como a do cartão de crédito, é uma das mais altas do mercado. Por isso, todo cuidado é pouco!
Como funciona o cheque especial?
Agora, você já sabe que o cheque especial é um crédito pré-aprovado que funciona como um empréstimo. Ele pode ter outros nomes, como Liz ou Limite pré-aprovado, dependendo de qual for o seu banco. O limite disponibilizado de cheque especial varia de acordo com a instituição financeira. Normalmente, esse cálculo leva em consideração a sua renda mensal, o histórico de transações e o tempo de abertura de conta.
O valor aparece sempre no seu extrato bancário, como se fizesse parte do saldo que você tem na sua conta corrente e pode ser utilizado sempre que você fica sem dinheiro na conta.
Por exemplo, imagine que você tem um saldo de R$200,00 na sua conta, mas no seu extrato aparece um valor de R$500,00 disponível como limite de crédito. Para utilizar essa quantia, só é preciso fazer qualquer transação acima do seu saldo, de R$200,00.
Ou seja, se você fizer uma compra no valor de R$300,00 estará utilizando R$100,00 do seu cheque especial. Além disso, o restante continuará disponível para você.
Qual é o perigo de utilizar esse valor?
Um dos maiores perigos desse tipo de transação é que, normalmente, ele não é negociado. Dessa maneira, o pagamento desse crédito extra será quitado com os valores que entrarem na sua conta, na mesma hora.
Então, se você utilizar R$100,00 do limite do cheque especial, e receber um depósito de R$300,00 na sua conta, o banco automaticamente irá descontar R$100 desse valor para quitar a dívida, e você ficará apenas com R$200.
Apesar de muitas pessoas já terem usado o cheque especial em algum momento, a maioria delas não entende como esse tipo de crédito realmente funciona. E é aí que mora o perigo da sua saúde financeira.
Essa linha de crédito é diferente de um empréstimo normal, em que você divide o pagamento em parcelas fixas. No cheque especial, o valor da sua dívida é calculado todos os dias, e quanto mais tempo você fica sem devolver o dinheiro ao banco, mais vai ser cobrado.
Então, no primeiro dia, aplica-se a taxa de juros sobre o total que você deve. No segundo, o juros do dia recai sobre o valor que você deve mais o juros do dia anterior, e assim por diante.
Como é o cálculo dos juros no cheque especial?
Os juros do cheque especial são um dos mais altos do mercado, podendo chegar a 300% ao ano e, como você viu, seu cálculo é feito pela incidência dos juros compostos.
Uma das razões para a taxa elevada, é que essa modalidade oferece um dinheiro sem que seja feita uma análise de crédito, ou seja, é um dinheiro muito fácil de se conseguir. Desse modo, como o banco não tem ideia de como o seu cliente vai se comportar ou quando irá pagar pelo cheque especial, ele acaba cobrando uma taxa de juros altíssima, para compensar o risco.
Há bancos que até oferecem alguns dias para o pagamento do valor sem adicionar juros. Porém, a partir desse período, começa a cobrança dos juros acumulados.
O que acontece se eu não pagar a dívida do cheque especial?
Assim como outras modalidades de empréstimo ou financiamento, o não pagamento do cheque especial resulta em algumas consequências. A principal delas é a negativação do seu nome e a inscrição em órgãos como SPC e Serasa.
Em outras palavras, você fica com o nome sujo e impossibilitado de conseguir novas linhas de crédito, em qualquer modalidade, até a regularização da dívida.
Esse tipo de dívida caduca?
Com toda a certeza, você já deve ter ouvido falar que uma dívida, como por exemplo a de cheque especial, deixa de existir após cinco anos, mas atenção, não funciona exatamente assim. De fato, depois desse período, os órgãos como SPC retiram o seu nome dos sistemas automaticamente.
Porém, embora isso aconteça, a dívida não deixa de existir e as cobranças podem continuar acontecendo. Além disso, ela permanece no seu histórico de consumidor, o que pode impactar o seu poder de compra e acesso ao crédito por vários anos. Então, procure sempre quitar essa dívida!
Novas regras
Em 2018, surgiram novas regras para o uso do cheque especial, com o objetivo principal de deixar claro para as pessoas de que elas entraram no cheque especial. Confira as principais alterações:
- O banco precisa avisar que você entrou no cheque especial e orientá-lo de como utilizar esse crédito da melhor forma;
- O extrato da sua conta precisa informar de forma clara o que é o seu saldo e o que é o limite de crédito pré-aprovado;
- Se você estiver com uma dívida de mais de 15% do seu limite de crédito por mais de 30 dias, o banco é obrigado a te oferecer uma linha de crédito com juros menores;
- Por outro lado, é permitida a cobrança de tarifa pela pré-aprovação do limite na sua conta-corrente. Ou seja, se o seu cheque especial tiver limite acima de R$ 500, o banco pode cobrar tarifas de até 0,25% mensais sobre o excedente, mesmo se você não usar ele.
Basicamente, as medidas têm o objetivo de fazer com que as pessoas usem essa linha de crédito de forma mais consciente, sabendo que estão utilizando uma modalidade de crédito e não um dinheiro simplesmente disponível na conta.
Quando usar o cheque especial?
Num primeiro momento, esse valor disponível em conta pode parecer tentador. Mas lembre de pensar bem antes! O recomendado é, sempre que possível, evitar utilizar esse empréstimo, devido ao valor alto dos juros. Contudo, sabemos que nem sempre é possível fugir dessa situação.
Assim, nossa dica é: tenha cautela. Para fugir das taxas de juros, tente recorrer ao cheque especial somente em casos de emergência. Lembre-se também de que, quanto antes você conseguir quitar essa dívida, mais rápido ela para de crescer.
Se você tiver controle sobre suas finanças e não usar esse crédito com frequência, não terá problemas. Afinal, ele serve exatamente para isso, te ajudar em um momento de aperto.
Como sair do cheque especial?
Por ser um crédito pré-aprovado, vimos que é muito fácil se endividar ao usar o cheque especial. Mas e para sair dessa dívida? Veja agora as melhores dicas para você quitar essa dívida.
Negocie
Se você está com dificuldades para quitar esse tipo de dívida, o primeiro passo é conversar com o seu gerente e tentar negociar a melhor forma de pagamento.
Geralmente, as instituições procuram facilitar essa negociação. Afinal, elas são as principais interessadas no pagamento dessa dívida. Mas atenção, antes de negociar, é importante entender quanto do seu orçamento pode ser comprometido com o pagamento. Assim, é possível fazer uma proposta ao banco que não te prejudique e seja vantajosa para ambas as partes.
Escolha uma opção com juros menores
Não consegue quitar o valor da dívida? Então saiba que existem outras modalidades no mercado com juros menores e que podem te ajudar nessa hora. Dessa forma, é possível trocar suas dívidas caras por uma mais barata, com um prazo maior. Faça uma simulação e compare as taxas de juros entre diferentes modalidades de empréstimo e o cheque especial.
Reduza o limite
Agora que você conseguiu negociar, outro passo fundamental é não cair de novo nessa armadilha, certo? A dica então é pedir ao banco para reduzir o limite do seu cheque especial ou simplesmente cancelar o serviço. Assim, você se livra de uma vez por todas do risco de ter a conta e o nome negativados por esse tipo de crédito.
Controle suas finanças
Por fim, vale lembrar que a melhor forma de se livrar do endividamento é ter maior controle sobre suas finanças pessoais. Por isso, avalie todos os seus ganhos e gastos e veja onde é possível economizar.
